quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Discurso Messiânico
Analisar a natureza como um sistema significa analisá-la como um conjunto de partes que se integram direta ou indiretamente, de maneira que uma alteração em qualquer dessas partes afeta as demais. A participação do homem como elemento de mudança nesses sistemas, principalmente no que se envolvem os seres vivos (ecossistemas), bastante vulneráveis a esse tipo de intervenção. Incluindo o papel do homem como agente de modificação ambiental e os impactos do homem sobre o ambiente físico modificando os processos naturais. Pode-se falar na existência de uma geografia física, cujo objeto de estudo são os sistemas ambientais físicos ou sistemas naturais. Há uma organização espacial resultante da interação dos elementos da natureza. Os sistemas antrópicos, por meio do uso e da ocupação das terras, usufruem dos potenciais dos geossistemas e modificam os fluxos de matéria e energia existentes, rompendo seu equilíbrio e alterando, assim, sua expressão espacial, com a consequente criação de novas organizações espaciais. O desenvolvimento urbano e industrial acelerado, o cultivo agrícola intenso, as minerações e as obras viárias são algumas das intervenções antrópicas que têm promovido a degradação ambiental em todo o mundo.
Trata-se de uma ideia central, por exemplo, que as mudanças climáticas e o aquecimento global são fatos cientificamente comprovados e o planeta já estaria em rota de degradação continuada. A opção, na ordem do dia, é a ‘neutralização do carbono’. Nesse universo de possibilidades, navegam organizações não-governamentais e outros atores sociais. O processo é facilitado pela ‘onda verde’, em que cientistas dispostos a ser garotos-propaganda da tragédia anunciada, em associação com uma mídia ávida por notícias de impacto e ambientalistas oportunistas, criaram uma mensagem tão poderosa quanto enganadora: a de que o planeta está em perigo. Ressalta-se que a busca ‘messiânica’ pela salvação do planeta pertence ao domínio mais da religião do que da ciência. O Discurso Catastrofista encerra uma visão fatalista, cuja única saída é o controle do processo de desenvolvimento planetário e a aceitação do conceito de sustentabilidade. Esses conceitos carregam a face mais perversa do antropocentrismo: a que supõe à espécie humana (sua elite) tão sábia e poderosa que é capaz até de obter a própria perpetuação. Sobre um artigo publicado pelo jornal New York Times em 2007, quando o jornalista norte-americano Alan Zarembo chamou a atenção para o novo ‘messianismo ecológico’ e a compra de ‘indulgências verdes’:
É mais ou menos assim que funciona a compra de ‘indulgências’ verdes. Paga-se pelo pecado de emitir gases-estufa, com investimentos em projetos de baixa emissão. Impressiona a capacidade do sistema capitalista de transformar crises em lucro. Como se a emissão de carbono produzido pela poluição originada da queima de combustíveis fósseis ou emissões industriais nas grandes metrópoles pudesse ser neutralizada com o plantio de árvores nas margens de um pequeno córrego, num recanto qualquer do planeta. O novo fundamentalismo ambiental é conivente com a prática das indulgências verdes: apresenta o discurso de que a conservação da natureza é a principal forma de superar as ameaças à vida na Terra.
Esse tipo de discurso ‘catastrófico’, sistêmico e ecológico pode ser compreendido dessa maneira: a crescente devastação dos bens renováveis e não renováveis estabelece-se em bases imediatistas desconsiderando a hipótese de garantia da sobrevivência para gerações futuras. Sobre o perigo eminente, os cientistas agem como se os danos ou impactos causados à natureza pudessem ser minimizados.
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